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As estruturas Guardian

18 Apr 2021Siegrfried
Data Solar: 3307-04-18 13:12

Estive voando por horas sem conta. No espaço, a solidão é relativa, porem é muito palpável com todo esse silêncio desolador e quase profano que me faz questionar a sanidade a todo momento. As perguntas ficam martelando em minha cabeça e eu as espanto, mas no fim, sempre sobra aquela dúvida que resiste a todo treinamento mental: Quem realmente se mantém são quando uma pedra do tamanho de um a montanha flutua em sua direção obedecendo órbitas que só Deus sabe quais são?

Sintonizei meus receptores para ouvir a Skvortsov e continuei seguindo o curso traçado para o sistema HD 63154. As escrituras falam de antigas tecnologias que excedem em muito o potencial dos Motores de Distorção humanos. Existem diagramas fixados e esquemas de como integrar a tecnologia aos motores atuais, tudo parece muito interessante no projeto e os resultados anotados por um tal de James Epstein parecem fenomenais, mas eu sou desconfiado e não confio inteiramente nesse livro. Quem confiaria em um livro? Um artefato interessante e importante, é claro, mas totalmente defasado. Por que esse tal Epstein não registrou seus testes em computadores como todo mundo? O que ele temia, ou o que o impedia de manter a tecnologia a salvo em dados criptografados e devidamente backupeados numa nuvem privada? Isso é só uma das coisas que pretendo descobrir ao visitar essas tais Estruturas Guardian.

* * *

A descida no planeta foi tranquila, porém a superfície montanhosa tornou a tarefa de pouso quase impossível. Depois de horas procurando por um lugar relativamente plano e extenso para os padrões da Amelia E., eu encontrei um que fosse próximo o suficiente das estruturas e me poupasse de uma longa aventura em solo. Já teria aventura demais nas paredes antigas, não queria arriscar acidentes de VRS ou fissuras no terreno que me fizessem cair em abismos ainda mais insondáveis que esse planeta esquecido por Deus.

O Scarab passou em todos os testes preliminares e desceu suavemente. A gravidade não era das melhores, mas serviu aos propósitos e segurou bem o VRS sem limitar seus movimentos. Chequei mais uma vez o combustível e a munição, dessa vez, a olho nu (sim, eu continuo desconfiado. O melhor remédio é a prevenção) e constatei que estavam em seus níveis padrão. Acelerei e saí da Amelia. Estava pronto para começar a brincar de Indiana Jones (eu adoro filmes do século XX).

Subi as montanhas com esforço, direcionando toda potência para o motor, o terreno íngreme onde esses malditos alienígenas esculpiram suas bases não era nada convidativo pra quem vem de baixo. Talvez temessem algo no próprio planeta? Fica a questão. Com esforço, vi o topo e logo toda a glória passada dos primeiros seres sencientes não-humanos de que eu já ouvira falar, se descortinava diante de mim. Eram pilares sólidos de uma espécie de amálgama de metal e pedra que se confundiam mutuamente, excluindode cogitação qualquer análise imediata que eu pudesse fazer para classificá-los. Localizei alguns itens que lembravam sarcófagos e tabuletas escaneei e deixei-os em repouso, não era meu objetivo fazer arqueologia de museu, para expor a glória da morte de uma civilização em nossas casas de entrenimento, eu queria mesmo eram os dados e os materiais que eu sabia estarem ali. Epstein, seu safado, suas anotações foram muito precisas. Como ninguém as encontrou antes? Será que ninguém mais nesse universo, gosta de livros antigos?

Uma nuvem de poeira foi captada pelo VRS e em seguida, pela minha visão periférica. A princípio, pensei se tratar de um fenômeno planetário, mas o disparo que veio em sequência, me tirou da ilusão de que seria um trabalho fácil. Um drone gigantesco disparava loucamente contra mim e fazia com que meu mostrador de escudo trabalhasse freneticamente, mostrando novos números a cada disparo absorvido. A cachorrada ia começar...
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