Ataque de piratas
22 Apr 2021Siegrfried
Data Solar 3307-04-22 10:46Depois que saí do bendito planeta com as estruturas ancestrais dos Guardian, passei um tempo curtindo a solidão do espaço e lendo algumas coisas para me distrair. Eu não tinha pressa e não queria causar alvoroço na comunidade, chegando com tantos dados e tantas perguntas. Tinha que ser sutil e evitar atrair atenção ao máximo.
Felizmente, meu contato em Diaguandri era uma pessoa discreta e cobrava uma taxinha módica por seus serviços. Ela conseguiria destrinchar o bloco de dados de forma rápida e eficaz. Se tudo desse certo, eu teria os planos para a construção e incorporação dessa tecnologia guardian, ainda no mesmo dia. Era empolgante imaginar o potencial de toda essa coisa, de como as naves poderiam ser melhoradas e as distâncias encurtadas se os planos fossem mesmo reais e a adaptação bem sucedida.
Naveguei ao redor de mais uma estrela, coletando combustível e pensando em milhares de possibilidades. Uma voltinha distraída, como eu costumava dizer. Os sensores estavam calmos, a Amelia E. respondia bem aos comandos, tudo estava na santa paz. Estava.
Dois alertas de proximidade começaram a piscar de forma intermitente e logo uma mensagem despontou em meu comunicador: "Coé chefia. A carga tá muito interessante né? Passa pra gente e você sai vivo."
Pronto, estava armado o circo. Eu não podia deixar esses planos Guardian caírem nas mãos desses piratinhas mequetrefes, mas não tinha armas para revidar. A solução ia ser adotar a tática mais básica de todo guerreiro que sabe que está em desvantagem. CORRER.
Acelerei os motores e a Amelia E. rugiu em resposta aos meus comandos. Ela não conseguia acelerar ao máximo de sua potência por conta de algumas regulagens que eu fiz, visando estender seu alcance de salto. Sacrificava a velocidade padrão em favor da velocidade de viagem de cruzeiro, mas até aí tudo bem. Eu só precisava mascarar meus rastros e rezar para que eles não me interceptassem em minha viagem de cruzeiro. Só precisaria ficar ali mais alguns minutos e então saltaria para os domínios de outra estrela, tornando o rastreio impossível.
Guinei para aproveitar a gravidade da estrela e realizar um estilingue que me jogasse mais longe, a nave começou a trepidar mas aguentou bem. Senti a força da aceleração pressionando meu sangue e por alguns momentos as veias de todo meu corpo pareciam querer explodir. Eu teria sorte se não tivesse um derrame, ou a necessidade de visitar um protético para substituir meus pés que com certeza gangrenariam se eu passasse muito tempo entre aceleradas e frenagens bruscas.
Por sorte, trinta segundos depois a bendita modificação feita pela Felicity deu a partida no meu Motor de Distorção e a Amelia E. começou o processo de salto para a próxima estrela. O perigo estava ficando pra trás, pelo menos dessa vez.